MICROBIOMA HUMANO
Numa perspectiva tradicional nós somos o resultado de genes que se juntaram num óvulo fertilizado. A condição humana, no entanto, é muito mais complexa.
Recebemos dos nossos pais cerca de 23 mil genes, número insignificante comparado aos 3,3 milhões de genes pertencentes às bactérias alojadas no nosso corpo.
Estas não são parasitas à espera de uma oportunidade para invadir o organismo. Entre outras funções nobres, as bactérias liberam micronutrientes essenciais, energia para ser consumida diáriamente, estas regulam o sistema imunitário e protegem nos contra germes virulentos.
Numa perspectiva mais atual, o corpo humano é um ecossistema no qual as células dum óvulo fertilizado constituem apenas um dos componentes. O outro é o microbioma, muito mais numeroso: para cada célula herdada existem 10 bactérias.
Enquanto um homem de 70 quilos é formado por 70 trilhões de células, no seu intestino existem 100 trilhões de bactérias. Os outros 600 trilhões são encontrados na pele (10 mil em cada dois centímetros), boca, cavidade nasal, seios da face e aparelho gênito-urinário.
Em 2006, um estudo mostrou que a mucosa intestinal de indivíduos obesos era diferente na sua composição da dos magros. Quando os obesos perdiam peso isso devia se ao facto da composição da flora adquirir as características da dos magros.
Experiências posteriores demonstraram que o emagrecimento está associado à ação de bactérias específicas que facilitam a perda de gordura.
Verificou se também que seria possível combater a subnutrição por meio de manipulação da flora intestinal.
Nos últimos cinco anos, tem sido demonstrado que o microbioma exerce um papel importante em doenças cardiovasculares, esclerose múltipla, diabetes, infecções por germes patogênicos, doenças inflamatórias, como a doença de Chron, processos autoimunes, como a asma, e também no autismo.
Cada um de nós tem um complexo interno de bactérias localizadas em nossos corpos que chamamos de microbioma.
O microbioma é definido como “comunidade de micróbios”, e a grande maioria das espécies bacterianas que compõem nosso microbioma vivem nos nossos sistemas digestivos.
A microbiota humana consiste em 10 a 100 trilhões de células microbianas simbióticas albergadas por cada pessoa, principalmente bactérias no intestino.
Os nossos microbiomas individuais às vezes são chamados de “pegadas genéticas”, uma vez que ajudam a determinar o nosso DNA exclusivo, fatores hereditários, predisposição a doenças, tipo corporal ou “peso do ponto de ajuste” do corpo, e muito mais.
As bactérias que compõem os nossos microbiomas podem ser encontradas em todos os lugares, mesmo fora de nossos próprios corpos, em quase todas as superfícies que tocamos e em todas as partes do ambiente em que entramos em contato.
O microbioma pode ser confuso porque é diferente de outros órgãos, pois não está localizado apenas num local e não é muito grande, além de ter papéis de grande alcance que estão ligados a muitas funções corporais diferentes.
Mesmo a palavra “microbioma” conta muito sobre o funcionamento e a importância de seus papéis, uma vez que “micro” significa pequeno, e “bioma” significa um habitat de seres vivos.
Alguns pesquisadores dizem que até 90% de todas as doenças podem ser rastreadas de alguma forma ao analisar se o intestino e o microbioma.
O microbioma é o lar de trilhões de micróbios, bactérias e diversos organismos que ajudam a governar quase todas as funções do corpo humano.
A importância do nosso microbioma intestinal é vital: a má saúde intestinal pode contribuir para o despoletar de várias doenças autoimunes, como artrite, demência, doenças cardíacas e cancro.
A nossa saúde em geral , fertilidade e longevidade são altamente dependentes do equilíbrio dos “bichinhos” que vivem dentro das nossas vísceras.
Ao longo das nossas vidas, ajudamos a moldar os nossos próprios microbiomas , além de estes se adaptarem às mudanças no nosso ambiente.
Por exemplo os alimentos que comemos, como dormimos, a quantidade de bactérias às quais estamos expostos diáriamente, o nível de stress que enfrentamos e a forma como o usamos, ajuda a definir o estado da nossa microbiota.
10 motivos para cuidarmos da nossa microbiota (intestino)
• Controle dos gases e inchaço
O inchaço e os gases são eliminados assim como também as causas da sua produção, que são os resíduos armazenados no intestino grosso.
• Controle das infeções urinárias
Estas são muito frequentes nas mulheres causando lhes muito sofrimento , afetando negativamente a relação sexual, pois provocam muitas dores. Estas são, muitas vezes, causa de morte nos idosos, por serem desconhecidas e assim desvalorizadas.
• Controle da Celulite e excesso de peso
As últimas teorias sobre formação de celulite invocam o mau estado do intestino como causa principal da origem desta. A hidroterapia do cólon tem benefícios extraordinários na pele.
• Prevenção e controle de doenças auto-imunes
Artrite, doença inflamatória intestinal, doença de Hashimoto, etc.
Os distúrbios auto-imunes desenvolvem se quando o sistema imunitário do corpo atua de forma errada e ataca o seu próprio tecido saudável. A inflamação e essas reações decorrem principalmente de um sistema imune hiperativo e de uma má saúde intestinal.
• Distúrbios cerebrais/declínio cognitivo (Alzheimer, demência, etc.)
A inflamação está altamente correlacionada com o declínio cognitivo, enquanto um estilo de vida anti-inflamatório mostrou que leva a uma melhor memória, longevidade e saúde cerebral.
• Cancro
Muitos estudos mostraram uma relação direta entre a saúde intestinal e uma melhor proteção contra o dano dos radicais livres, que causam o cancro cerebral, mama, cólon, pancreático, próstata e estômago.
Os micróbios influenciam os nossos genes, o que significa que eles podem promover inflamação e crescimento tumoral, ou mesmo aumentar a função imunitária e atuar como um tratamento natural contra o cancro.
• Fadiga e dor nas articulações
Certas bactérias dentro dos nossos processos digestivos contribuem para a deterioração das articulações e tecidos.
• Transtornos de humor (depressão, ansiedade)
Vários estudos comprovam que existe uma “conexão intestinal-cerebral”. A nossa dieta afeta a atividade do microbioma e dos neurotransmissores e, afeta assim como nos sentimos e a nossa capacidade de lidar com o stress e os nossos níveis de energia.
• Perturbações de aprendizagem (TDAH, autismo)
Os nossos corpos são sistemas interligados e, tudo ao que os expomos , afeta-os.
O seu crescimento, desenvolvimento e capacidades mentais, também são afetados.
O TDAH e outras dificuldades de aprendizagem foram associados à debilitada saúde intestinal, especialmente em bébés e em crianças.
• Alergias e asma
Certas bactérias benéficas diminuem a inflamação, o que diminui a gravidade das reações alérgicas, alergias alimentares, asma ou infeções respiratórias.
Isso significa uma defesa mais forte contra alergias sazonais ou alergias alimentares e mais alívio de tosse, gripe, constipações ou amigdalites.
Uma boa dieta anti-inflamatória ajuda a prevenir mucos nasais ou pulmonares, o que facilita a boa respiração.
Estamos ainda a dar os primeiros passos por um caminho que culminará num conhecimento cada vez mais detalhado desta comunidade que nos habita. Esse conhecimento permitirá o seu estudo cada vez mais aprofundado, no sentido de uma maior promoção da saúde, tratamento das doenças agudas e prevenção das doenças crônicas.